Projeto Haiti: Curso Instrumental de Língua Portuguesa para Estrangeiros - Curitiba / PR
Curitiba é uma das cidades brasileiras que mais recebem imigrantes
haitianos e há a necessidade de atendê-los em suas demandas como acontece com
os demais cidadãos curitibanos.
As escolas da rede municipal que ofertam a Educação de Jovens e Adultos -
EJA têm sido muito procuradas por este público para aprender a língua
portuguesa. A Secretaria Municipal de Educação - SME entendendo que é parte da
função social da escola pública o resgate da cidadania e dos direitos de todos
os cidadãos, independentemente de sua condição social, econômica ou
étnico-racial, criou, em 2013 o Projeto Haiti, que visa incluir estes
imigrantes que vivem na cidade através da oferta de um curso instrumental de
língua portuguesa. O curso é em nível básico e visa facilitar a realização de
atividades cotidianas como: tirar carteira de trabalho, procurar um emprego,
expressar-se no posto de saúde, solicitar uma informação, realizar uma operação
bancária, alugar um imóvel, preencher um cadastro, fazer compras e
relacionar-se. O curso oferecido pelo projeto tem 60 horas, é realizado em
escolas municipais, duas vezes por semana, das 19h às 21h, e as aulas são
ministradas por professores da Rede Municipal de Ensino.
A migração dos haitianos para Curitiba começou
em 2010, depois que um terremoto devastou a ilha da América Central, fazendo
mais de 200 mil vítimas fatais e deixando mais 1,5 milhão de desabrigados.
O desconhecimento do idioma, aliado à
dificuldade de comprovar a escolarização cursada no país de origem, tem
limitado as opções de trabalho. Para os homens, uma das poucas opções tem sido
a construção civil, enquanto para as mulheres são oferecidas vagas em
restaurantes ou no setor de serviços de limpeza ou domésticos, independentemente
da formação do profissional.
Em sua maioria entre estes imigrantes estão haitianos formados (médicos,
jornalistas, pedagogos, veterinário, advogados, professores de física, química,
língua estrangeira, entre outras profissões), ou que estavam cursando a
Universidade no Haiti. Falando em torno de três a quatro idiomas (crioulo,
francês, inglês e espanhol) sua maior barreira em nosso país é não falar a
língua portuguesa.
Estes imigrantes vêm com recursos próprios para o Brasil, não recebem
nenhuma ajuda do governo brasileiro para esta viagem, nem para alugar algum
imóvel quando chegam ou nenhum emprego os espera aqui. Costumam morar junto com
amigos e parentes que vieram antes e a sua preocupação maior é arrumar logo um
trabalho para conseguir pagar suas despesas e ainda mandar recursos para sua
família que ficou no Haiti. A maior parte dos haitianos está na cidade em busca
de oportunidades de um recomeço de vida.
Eixo
Educação para a Sustentabilidade e Qualidade de VidaObjetivos
- Promover a inclusão social dos imigrantes haitianos à cidade de Curitiba.
- Ensinar língua portuguesa em nível básico para os imigrantes recém chegados do Haiti.
- Fornecer diferentes dinâmicas e atividades que proporcionem aprimoramento linguístico dos sujeitos.
Cronograma
2013: passaram pelo projeto Haiti cerca
de 60 imigrantes haitianos e na época foram formadas 3 (três) turmas na Escola
Municipal Professor Brandão, de acordo com o nível de proficiência dos alunos
(inicial, intermediário e avançado). As turmas foram atendidas por três
professoras da rede municipal de ensino.
2014: como a procura por aulas de
língua portuguesa pelos imigrantes haitianos crescia, a Secretaria Municipal da
Educação procurou a Universidade Federal do Paraná (UFPR) solicitando este
atendimento no ano de 2014. Foram abertas então, mais 8 (oito) turmas de ensino
de língua portuguesa, aos sábados atendendo em média 30 alunos por turma.
Ocorreu uma nova
parceria entre SME e a Fundação de Assistência Social (FAS) que resultou na
realização de um curso instrumental de Língua Portuguesa para estrangeiros, com
carga horária de 60 horas, no espaço do Liceu Curitiba, tendo em vista a
localização central. O curso foi ministrado por dois professores da rede
municipal e atendeu aproximadamente 21 (vinte e um) alunos que foram
certificados pela FAS.
2015: a SME oferece através do Projeto
Haiti um curso básico de 60 horas realizado em 02 (dois) dias na semana, em
três escolas municipais (EM Germano Paciornick com duas turmas, EM Papa João
XXIII com uma turma e EM João Stival com uma turma), atendendo aproximadamente
120 haitianos.
2016: a SME amplia o território de
alcance, ofertando o Projeto Haiti em 04 (quatro) escolas municipais sendo: EM
Linneu Ferreira do Amaral e EM Irati, na regional Cajuru; EM Germano Paciornick,
na regional Boqueirão; EM Augusta Glück Ribas, na regional Bairro Novo. No
primeiro semestre foram ofertadas 120 vagas. Será ofertada a mesma quantidade
de vagas para o segundo semestre de 2016.
Resultados
A função
social da educação pode ser vista no sentido de um instrumento de diminuição
das discriminações. A igualdade torna-se, pois, o pressuposto fundamental do
direito à educação, sobretudo nas sociedades politicamente democráticas e que
desejam maior igualdade entre as classes sociais e entre os indivíduos que as
compõem e as expressam.
A condição de estrangeiro, com ou
sem autorização legal para viver no Brasil, também não deve impedir o acesso à
educação. Ao entender que a educação é um direito humano, não podemos excluir
ninguém, nem aquelas pessoas que não são consideradas cidadãs em determinado
país. Desta forma, desde 2013, a SME vem ampliando o atendimento a esta parcela
da população levando o ensino da língua portuguesa a regiões mais próximas dos
locais onde residem os haitianos. Descentralizar as aulas foi uma estratégia de
sucesso que promoveu uma maior procura pelo curso. O atendimento realizado uma
vez ao ano passou a se ofertado duas vezes, podendo atingir 240 haitianos no
ano de 2016. Desde que foi criado o projeto, a SME já atendeu aproximadamente
329 haitianos
Instituições Envolvidas
Prefeitura Municipal de Curitiba - Secretaria Municipal da Educação/Coordenadoria de Políticas Educacionais para Jovens e Adultos
Contatos
Coordenadoria de
Políticas Educacionais para Jovens e Adultos – COPEJA
(41)
3254-2398/3350-3173 – e-mail: [email protected].
Fontes
DIRETRIZES CURRICULARES PARA A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS. Prefeitura
Municipal de Curitiba, Secretaria Municipal da Educação, Gerência de Educação
de Jovens e Adultos. Curitiba, 2012.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 18. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988.
GADOTTI, Moacir. Educação de Adultos como Direito Humano -- São Paulo:
Editora e Livraria Instituto Paulo Freire. 2009. (Instituto Paulo Freire. Série
Cadernos de Formação; 4)
CURITIBA. Diretrizes Curriculares para a Educação
Municipal de Curitiba. Vol. 3. Curitiba, 2006.
Direito Humano à Educação. Disponível em: http://www.direitoaeducacao.org.br/wpcontent/uploads/2011/12/manual_dhaaeducacao_2011.pdf.
Acesso em 24 maio 2016.