CORREDORES DE BIODIVERSIDADE EM ÁREA URBANA - Maringá / PR

1. Descrição 

           O Brasil se apresenta como um dos países mais ricos em biodiversidade e recursos hídricos do planeta, com grande potencial de se destacar, e servir de referência mundial em conservação ambiental e desenvolvimento sustentável, por ainda possuir grande parte de sua biodiversidade ainda preservada  Neste contexto, a Conservação da biodiversidade representa hoje um dos maiores desafios da atualidade, especialmente quando consideramos a crescente demanda da sociedade humana por recursos naturais e espaço físico.

            O Município de Maringá, no Paraná, está inserido no bioma da Mata Atlântica, um Hotspot mundial, isto é, uma das áreas mais ricas em biodiversidade e uma das mais ameaçadas do planeta. Dentro deste contexto, Maringá foi a segunda cidade do País a elaborar o Plano Municipal de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica, de acordo com a Lei Federal 11.428/06, onde sugere que todos os municípios deste Bioma elaborem seus planos municipais.

            Dentre as ações proposta no Plano, Maringá implantou os Corredores da Biodiversidade, sendo mais uma vez, o primeiro Município  do Brasil a incorporá-lo em área urbana. Esta ação proporcionou e continua proporcionando a recuperação das áreas de fundos de vales, com reflorestamentos e pesquisas científicas em parceria com Instituições de Ensino públicas e Privadas além de empresas que acreditaram no trabalho, resultando, na preservação da Mata Atlântica do Município, na melhoria da qualidade dos corpos d'água, na mitigação da emissão de gases do efeito estufa, contribuindo assim para o cumprimento do acordo Brasileiro nas ações que contribuem para a diminuição do aquecimento global. Também, os corredores ecológicos propiciam o aumento da variabilidade genética dos animais, pela conexão dos mesmos entre os fragmentos e, consequentemente, o cruzamento entre indivíduos de populações diferentes e melhoria da qualidade de vida da população, uma vez que a proteção de espaços verdes cria um microclima, aumentando a umidade relativa do ar e, consequentemente, garantindo a diminuição de problemas respiratórios pela população.

            Além dessas ações, a educação Ambiental e a Implantação de um museu biológico no Parque do Ingá também são ações que, em parcerias com empresas e Instituições de ensino tem resultado na sensibilização de crianças, adolescentes e até mesmo adultos, para a conservação do nosso bioma.

            Imagens de satélite comprovam o incremento vegetal do primeiro corredor da cidade, que ligam duas áreas de proteção ambiental, assim como, pesquisas científicas que foram e estão sendo desenvolvidas nessas áreas por Faculdade e Universidade, como por exemplo, na pesquisa com aves,  onde comprovaram um aumento significativo das espécies de aves do município: de 34 espécies encontradas no penúltimo levantamento (2007) houve um aumento significativo para 71 espécies nativas dentre elas, uma na categoria "ameaçada de extinção". As pesquisas comprovaram que esse aumento está diretamente relacionada com a implantação dos corredores da Biodiversidade em Maringá. Tais pesquisas dentro do Município foram tema de monografias de Instituições de Ensino Superior.

            Dentro deste contexto, concluímos que esta ação pode e deve ser utilizada como exemplo por outros municípios, garantindo assim:

1. ações sustentáveis consideradas importantes no cenário mundial, contribuindo para o desenvolvimento da sociedade;

2. o desenvolvimento de trabalhos acadêmicos técnicos e científicos,  uma vez que tal ação abriu amplo campo de pesquisa para as Instituições de ensino que fizeram parceria neste projeto e,

3. Incentivar as Prefeituras Municipais a desenvolverem projetos ambientais com embasamentos científicos, parcerias com Instituições de Ensino Superior e ações concretas com auxílio de especialistas que possam contribuir para o desenvolvimento dos centros urbanos e de políticas públicas sustentáveis.

 Neste sentido, consideramos que este projeto se enquadra nos objetivos deste importante Prêmio, como administração Pública Municipal, na categoria "Bens naturais Comuns"

 

 

Eixo
Bens Naturais Comuns
Objetivos

2. Objetivo Geral

             A implantação dos corredores de biodiversidade no Município tem como objetivo conectar os fragmentos florestais das Unidades de Conservação e Áreas de Proteção Permanentes (APP's) a fim de propiciar o fluxo gênicos das espécies, viabilizar o aumento das espécies de fauna no município e melhorar a qualidade dos corpos hídricos, além de mitigar os efeitos de emissão de gases do efeito estufa e, consequentemente melhorar a qualidade de vida da população. O projeto visa, também, incentivar outros municípios a implantarem corredores ecológicos a fim de recuperar, proteger e conservar o Bioma que estão inseridos.

 

2.1. Objetivos Específicos

 ü  Reflorestamento das áreas degradadas;

 ü  Levantamento faunístico (mamíferos,  aves,  peixes,  répteis e anfíbios) com comparação de dados científicos anterior e posteriormente à implantação dos Corredores;

 ü  Levantamento das espécies de hemiepífitas invasoras em uma área dos corredores;

 ü  Educação ambiental para alunos das escolas e sensibilização da população residente no entorno das áreas verdes para a recuperação e conservação da Mata Atlântica;

 ü  Implantação do Museu Biológico do Parque do Ingá, com mostra de espécies da fauna e flora da Mata Atlântica, como danos causados ao meio ambiente com a introdução de espécies exóticas;

 ü  Estabelecimento de parcerias com empresas privadas, Instituições de Ensino Superior, Organizações Não Governamentais (ONG's), governos municipais, estaduais e federais para a execução de estudos e pesquisas científicas além de captação de recursos financeiros para a reflorestamento e execução de projetos.

 ü  Incentivo à outros municípios a elaborarem o Plano Municipal de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica com a implantação de Corredores de Biodiversidade.

Cronograma

 3. Cronograma

3.1. Corredores de Biodiversidade

            O projeto deu-se início em Novembro de 2010 e estende-se até hoje. A primeira etapa foi selecionar áreas com potencial para a formação dos primeiros corredores. Foram escolhidas 19 áreas, incluindo Unidades de Conservação e APP's. Para isso, o passo inicial foi identificar a oferta de cobertura florestal remanescente e possuidoras de populações naturais com potencial para garantir sua viabilidade ecológica.

            Conforme Ayres (2005), os critérios utilizados para a definição dessas áreas são: Riqueza de espécies, Diversidade de comunidades e ecossistemas, Grau de conectividade e Integridade. Foram mapeadas as Unidades de Conservação existentes e as áreas com potencial para implantação dos possíveis Corredores com o objetivo de identificar as formas de consolidação e interligação de tais UCs.  Os projetos em andamento serão ou estão sendo executados nas áreas de formação dos corredores.

            Para a implantação dos corredores, os fundos de vales (dentro das áreas prioritárias para conservação) começaram a ser reflorestados, com plantios de mudas de espécies nativas, através de parcerias com empresas, Instituições de Ensino, pela própria Prefeitura e através de Termos de Ajustamento de Condutas (TAC's). 
Em imagem satélite Google Earth, é possível comprovar a surpreendente regeneração florestal do primeiro corredor de biodiversidade urbano implantado em Maringá, quando comparamos o ano de 2010 com 2015-2016.

Essas imagens e os projetos citados neste artigo foram apresentadas no Programa "Meu Paraná", que destacou esse projeto em maio de 2015, podendo ser acessado através deste link:

http://redeglobo.globo.com/rpctv/meuparana/noticia/2015/05/meu-parana-mostrou-belezas-dos-corredores-de-biodiversidade.html

Resultados

4. Pesquisas científicas:

 4.1. Levantamento da Avifauna

 Dentre as pesquisas científicas, o levantamento de aves foi realizado com amostragens em campo, onde as espécies foram registradas visualmente e o canto dos pássaros gravados para posterior identificação. O Horário das observações foram realizadas das 06:00 às 11:00hs, onde se iniciam as vocalizações e se intensificaram, aos domingos, onde ocorre menos interferência sonora do trânsito da cidade. Foram utilizados equipamentos como binóculos, gravador de voz digital, câmera digital com zoom óptico, e caderno para anotações. Para a proteção dos pesquisadores serão utilizados perneiras de couro, botas de borracha e repelente.

Como resultado, foram encontradas 71 espécies de aves, dentre elas, o Facão Peregrino, que vem do Hemisfério Norte e passa por Maringá em períodos do ano e a Coruja-do-mato, espécie ameaçada de extinção, constante na lista vermelha do Paraná.

Em comparação com o penúltimo estudo de aves em Maringá, houve um incremento no número de espécies após a implantação dos Corredores de Biodiversidade no Município. 


4.2. Levantamento de répteis

A família Chelidae, cujos representantes típicos são os cágados é a mais rica entre os quelônios, das quais 19 espécies ocorrem no Brasil. Em Maringá, nenhum trabalho foi realizado sobre esse grupo e poucos são os dados na literatura que abordam tal tema. Desta forma, o objetivo do presente trabalho foi levantar a ocorrência dos quelônios em uma Área de Proteção Permanente de Maringá, no Parque do Ingá. O levantamento foi realizado de setembro de 2013 a Julho de 2014, em 46 expedições de 4 horas diárias, em 5 lagos do Parque. Foram encontradas 4 espécies de cágados: Phrynops geoffroanus (Cágado de Barbicha), Hydromedusa tectifera (Cágado Pescoço de cobra),  Trachemis dorbigni (Tigre d'água brasileiro), Trachemis Scripta elegans (Tartaruga de Orelha Vermelha ou tigre d'água americano). Os resultados demonstraram que a espécie Phrynops geoffroanus foi a que mais ocorreu em todos os ambientes, seguida de Trachemis dorbigni, Trachemis Scripta elegans e, por último Hydromedusa tectifera. A espécie T. scripta elegans é uma espécie exótica, invasora e conota risco à biodiversidade nativa dos ambientes.

4.3. Levantamento de mamíferos

 Este trabalho visa realizar um levantamento de espécies de mamíferos não-voadores existentes no Parque do Ingá que é uma das principais áreas verdes da cidade.

Os mamíferos possuem importantes papéis para a manutenção da diversidade de espécies de uma floresta, pois os Frugívoros possuem uma excelente capacidade de dispersar sementes e os herbívoros são predadores da diversidade vegetal, controlando, portanto o crescimento demasiado de plantas exóticas e nativas do local.

O presente trabalho tem como objetivo conhecer a diversidade de mamíferos não-voadores desta área de preservação possibilitando futuras práticas de manejo visando a preservação e conservação das espécies que habitam o parque. Também contribuirá com a educação ambiental trabalhado com a população que visita o local.

Está sendo utilizado como métodos de amostragem o registro de pegadas deixados em caixas de areia (50cm x 50 cm) distribuídas em locais previamente analisados onde à a maior probabilidade de ocorrências dos animais estudados. Também serão realizados registros fotográficos das espécies para confirmação a presença destes na área de estudo.

Até o presente momento foram identificados as seguinte espécies de mamíferos:

- Hydrochoerus hydrochaeris (capivara)

- Callithrix jacchus (Sagui do tufo branco)

- Didelphis albiventris (Gambá da orelha branca)

- Dasyprocta azarae (Cutia)

 

 4.4. Levantamento de hemiepífitas invasoras no Parque do Ingá

             Segundo Ricklefs (2003), a introdução de espécies, geralmente, está relacionada às atividades humanas. Assim, essas espécies que passam a ocorrer fora de sua área de distribuição natural são chamadas de “exóticas” e muitas vezes, essas espécies se expandem para além do local onde foram introduzidas, sendo consideradas exóticas invasoras, mas nem todas as espécies exóticas tornam-se invasoras. (Convenção da diversidade biológica, 2001). Hoje a segunda maior causa de extinção são as espécies invasoras, atrás apenas da fragmentação de hábitats, sendo a primeira causa dentro das unidades de conservação (Ministério do meio ambiente, 2007).

            Este estudo apresenta o comportamento invasor de espécies exóticas hemiepífitas nas trilhas do Parque do Ingá – Maringá/PR, onde foi marcado um ponto a cada 10 metros, identificando a presença ou ausência de espécimes até dez metros para o interior da mata a partir da margem da trilha, possibilitando o mapeamento e posterior manejo destas espécies. Até o momento foram identificadas duas espécies, sendo elas a Jiboia (Epipremnum sp) e o Filodendro (Philodendron hederaceum).


4.5. Museu Biológico do Parque do Ingá

 A implantação do museu, em parcerias com empresas, instituições de ensino e Prefeitura, está em andamento, com doações de materiais para instalação, exposição de um cenário da Mata Atlântica com espécies da fauna e flora, vivas e taquidermizadas, excicatas, insetários, microscopia óptica, banners e informações pertinentes à exposição, além de alunos de cursos de Graduação em Ciências Biológicas em tempo integral, a fim de atender com explicações científicas aos milhares de visitantes que passam no parque aos finais de semanas.


Conclusão

             A conservação da Biodiversidade somente terá êxito com a adoção de medidas concretas de conservação e proteção de remanescentes florestais e áreas degradadas a fim de promover a manutenção de processos ecológicos naturais.  As ações devem ser adotadas prioritariamente nas regiões decorrentes de impactos ambientais. A eficácia desta intervenção depende da identificação dos fatores de degradação e de alternativas sustentáveis para minimizar o processo de degradação e recuperar a estrutura dos fragmentos florestais. Neste sentido, a formação dos corredores ecológicos permitirá que a conservação da biodiversidade ocorra de forma significativa consequentemente contribuindo para a melhoria da qualidade de vida da população onde estão inseridos.

          Outro fator importante é que, tais ações podem ser replicadas por outros  municípios que buscam políticas públicas sustentáveis e melhoria na qualidade de vida da população. Também e, em especial, essas práticas vem de encontro com o acordo Brasileiro no pacto mundial contra o aquecimento global, que foi discutido em dezembro, em Paris, na Conferência Mundial para substituição do Protocolo de Quioto, em 2020 onde cada município deve propor ações que minimizem e mitiguem os efeitos causados pela emissão de gases do efeito estufa.

Deve-se também, as parcerias aqui implantadas, ao intuito de trazer a ciência e a pesquisa, através de instituições de ensino superior, nas ações municipais, a fim de se elaborar projetos de importância no cenário mundial, como é o caso dos corredores de biodiversidade, ação que atualmente encontra-se em destaque e estudo em todos os países que visam a sustentabilidade e a preservação de seus bens naturais. 

Desta forma, Maringá se coloca diante de um dos maiores desafios, ser uma cidade sustentável e elaborar políticas públicas condizentes à qualidade de vida que sua população merece e que o planeta todo, agradece! 


 

Instituições Envolvidas
Prefeitura do Município de Maringá:

Universidade Estadual de Maringá:

Unicesumar  - Centro Universitário Cesumar

Polícia Ambiental do Paraná

Contatos
Prefeitura do Município de Maringá:
Celular:  (44) 99146640 
Pós Graduação em Análise Ambiental 

Universidade Estadual de Maringá:
Dr. Claudemir Martins Soares
Celular:  (44) 9912-4111

Unicesumar  - Centro Universitário Cesumar
Anna Christina Esper Faria Soares
Celular:  (44) 99146640 
Pós Graduação em Análise Ambiental 

Polícia Ambiental do Paraná
Rywerson Borges Monteiro
Celular: (44) 9962-0313
Fontes

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Realização

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Instituto Cyrela
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Instituto Semeia
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http://www.semeia.org.br/
Itaipu Binacional
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http://www.itaipu.gov.br/
Itaú
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http://www.itau.com.br
Natura
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http://www.natura.net/br/index.html
Nestlé
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http://www.nestle.com.br/site/home.aspx
Porto Seguro
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Promon
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http://www.promon.com.br/
Safra
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Santander
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Vale
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Votorantin
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VR
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Walmart
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