Paraty, RJ
- Cidade:
- Paraty
- Estado:
- Rio de Janeiro
- País:
- Brasil
- População total:
- 37.533 habitantes (2012)
- População rural:
- 9.844 habitantes (2010)
- População urbana:
- 27.689 habitantes (2010)
- População mulheres:
- 18.569 habitantes (2010)
- População homens:
- 18.964 habitantes (2010)
- Número de pessoas por quilômetro quadrado:
- 40,57 hab/km² (2010)
- Área total do município em quilômetros quadrados (km²):
- 925,05 km² (2010)
Os habitantes originários de Paraty eram os índios Guaianás, que ocupavam a região hoje compreendida por Mangaratiba, Angra e Paraty, no Rio de Janeiro, e por Cananéia, Guaratinguetá e Taubaté, em São Paulo. Uma trilha feita por eles em época pré-cabralina, que descia o vale do Paraíba, vencia a Serra do Mar e chegava à foz do rio Paratiguaçu (hoje Perequê-Açu) servia para que os gentios do interior atingissem o litoral onde pescavam, secavam e produziam farinha de um peixe abundante naquelas águas, chamado de pirati.
Já o nome parati, também em língua tupi, quer dizer jazida do mar, golfo, lagamar. Partindo da premissa de que os gentios usualmente batizavam locais inspirados em peculiares acidentes geográficos, descobre-se porque parati (o golfo) em vez de pirati (o peixe) tenha permanecido como denominação do lugar, desde tempos imemoriais.
Em 1636, por conta do crescimento populacional do núcleo, uma paratiense chamada Maria Jácome de Melo doou parte de sua sesmaria entre os rios Paratiguaçu e Patitiba para edificação de um novo povoado, exigindo, em contrapartida, que se construisse uma capela em louvor da santa de sua devoção, N.S. dos Remédios. Foi desta maneira que São Roque, orago da primeira capela construída no morro da Vila Velha quando da fundação do povoado, 16 de agosto de 1531, deixou de ser padroeiro de Paraty. Em 1640 o núcleo se transfere do Morro da Vila Velha (hoje Morro do Forte) para o local compreendido pelo centro histórico, sendo que o traçado urbano definitivo foi estabelecido a partir de 1726, segundo moldes da então moderna engenharia militar, com ruas mais largas e planta baixa em forma de leque ou meia-lua.
Digna de nota é a influência da Maçonaria na engenharia e arquitetura paratienses, quer através dos símbolos maçônicos estampados à frente de muitos sobrados, quer nas esquinas, onde três cunhais (colunas) em cantaria (pedra lavrada) formam um hipotético triângulo, símbolo maçônico por excelência. Não pode deixar de ser mencionada a importância da aguardente no contexto histórico paratiano, de tão boa qualidade que acabou por ser conhecida pelo nome da cidade de onde provinha; a partir de 1700, tomar um cálice de parati era o mesmo que beber aguardente da melhor qualidade.
Em meados de 1800, Paraty chegou a ter cerca de 120 engenhos funcionando, produzindo pingas de primeira linha, apreciadas no Reino e resto da Europa. A fama da pinga paratiense varou os séculos e chegou aos anos 40 do século passado, quando Carmem Miranda imortalizou o samba Camisa Listada. Hoje em dia, o Festival da Pinga, no mês de agosto, trazendo à cidade mais de 80 mil pessoas nos três dias de festa prova que a pinga paratiense continua famosa e vai varar outros séculos. Fundamentados nas tradições religiosas e folclóricas intocadas, no entorno paisagístico de mata Atlântica original e na conservação do conjunto arquitetônico, os brasileiros redescobriram Paraty após a abertura da rodovia Rio-Santos (BR-101) nos anos 70, tirando a cidade do ostracismo e reabrindo sua comunicação com os dois maiores centros econômicos e emissores de turistas do país, Rio e São Paulo.
Paraty é Patrimônio Histórico Nacional desde 1966 e está pleiteando seu reconhecimento como Patrimônio Cultural da Humanidade, prêmio concedido pela Unesco, devendo figurar entre outros 18 patrimônios brasileiros como Ouro Preto, Diamantina, Congonhas, Goiás Velho, São Luis e Olinda. Destino turístico de primeira linha, tanto no contexto fluminense quanto no nacional, Paraty cada dia é mais divulgada pela mídia e tem sido visitada por turistas estrangeiros – sobretudo europeus – que encontram nela, ao mesmo tempo, história, cultura, folclore e ecologia. São quase 500 anos de charme e beleza entre o mar e a montanha, desde os primórdios da colonização brasileira.